sábado, 31 de janeiro de 2009

O Resultado


Estava num torpor olhando a tela do computador. Meu corpo ali, mas minha mente longe.
— Por quê?
A pergunta me trouxe de volta a realidade. Alguém falava comigo.
— Hã??? -grunhi
— Por que você está assim? Por que você não está feliz como ela?
— Como?!?
Eu ainda não entendia do que ela estava falando. Tinha perdido alguma coisa?
— Você passou! Por que não está radiante?
Ah, era isso. Sim, eu estava feliz. Mas radiante era pedir demais naquele momento.
Seu cabelo louro meio armado, cortado num chanel desfiado, emoldurava seu rosto já com rugas da idade com um sorriso aberto.
— Sim, estou feliz. – respondi.
— Ela está com um sorriso de orelha a orelha! Por que você não está? – insistia ela.
Cobrança e comparação. Ah, ela não sabia de nada da minha vida. E nem saberia se dependesse de mim.
Não estava disposta a dividir aquela parte da minha vida. Pelo contrário, queria esquecê-la.
— Não é nada. – menti – Só estou pensando no futuro, em como serão as coisas. – completei.
A verdade é que estava pensando no passado.
Mas ela também era mulher. Não se deixou enganar facilmente com essa simples resposta. Precisava ser mais convincente.
Tentei
— Só estava pensando que eu vou ficar sem férias! – foi a primeira coisa que me veio a cabeça.
— Provavelmente o curso começará antes que eu consiga tirá-las – continuei – E eu gostaria muito de poder sair de férias. É por isso! – finalizei.
Isso realmente não me incomodava, mas talvez fosse uma boa desculpa e os questionamentos parassem.
— Ahh! – disse ela sorrindo.
Sorri para ela na esperança de que acabasse ali.
Estava enganada.
Isso desencadeou uma análise de todas as minhas opções, considerando todas as hipóteses possíveis.
Não prestava mais atenção em tudo que ela dizia. Concordava de vez em quando nos momentos em que ela respondia uma pergunta dela mesma.
Ah, Denise! Seu sorriso radiante estava me afetando. Mas ela tinha todos os motivos para estar assim. Tinha passado, e muito bem!
O problema eram os outros. Ou alguns.
As pessoas podem reagir de formas diferentes às mesmas coisas. Isso era tão difícil de entender?
Nunca gostei de comparação. Acho que ninguém gosta.
Eu só queria um pouco que paz.
— É, não tem jeito – disse ela – Não vale a pena arriscar.
Parecia que ela tinha chegado a uma conclusão.
Que bom. Eu poderia tirar aquele sorriso meio sem graça do rosto e tentar voltar ao trabalho.
Ela se fora.
Denise! Onde estava? Olhei por cima da baia Ela não estava em seu lugar.
Falaria com ela depois.
Fui tomar um café.

2 comentários:

  1. Achava que com o tempo aprenderiamos a vestir a máscara com mais eficiência. Contava com isso.

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  2. Não sabia que tinha um blog também.
    Por favor, continue.
    Estou acompanhando também!

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